Há duas semanas a França viu-se num momento delicado, onde jovens das periferias do país saíram às ruas ateando fogo aos carros, expressando descontentamento com a situação social em que vivem: discriminação racial, falta de emprego, enfim EXCLUSÃO, nada que nós, periféricos do Brasil, não conhecemos. Mas aqui em nosso país, ainda não fomos às ruas atear fogo nos carros como forma de protesto, somos, de certa forma, "comportados"... ´
Na noite de terça – feira, 29/12/2005, um fato chocante nos abalou. Um ônibus da rede de transporte público do Rio de Janeiro foi atacado por um grupo de pessoas, e essas pessoas atearam fogo ao ônibus, que estava com passageiros. Resultado: 13 pessoas gravemente feridas, e 5 mortas. A grande mídia tem dado destaque ao fato, e, segundo notícias publicadas por ela, as motivações para o ataque foi a morte de um traficante.
É difícil compreender um ataque como este... As vítimas, em sua grande maioria, eram trabalhadores, pessoas que vivem o dia-a-dia na correria, pois precisam sobreviver dentro de nosso sistema. Não quero deixar a impressão de que, se o ataque tivesse sido contra "burgueses", seria correto... NÃO! Não é esse o raciocínio. Mas, num momento como este, onde restam resquícios e cinzas da REVOLTA de jovens franceses, que foram às ruas abalar os valores da pseudo-sociedade em que vivem, e, em nosso país, onde temos motivos de sobra para sairmos às ruas ateando fogo não só em carros, mas em instituições também, um grupo de pessoas da periferia carioca praticam ataque a um ônibus, vitimando pessoas que vivem o dia-a-dia equilibrando-se para manterem-se na sociedade em que vivem. Por isso o título: NÓS CONTRA NÓS MESMOS! E isso é inadmissível.
No Iraque, a resistência tem vitimado seus próprios patrícios. Os ataques que são às tropas invasoras norte-americanas têm feito como vítima maior o povo iraquiano... Basta ver os noticiários, mesmo que distorcidos, para tomarmos contato com os números de iraquianos vítimas dos ataques. Neste caso, são ELES CONTRA ELES MESMOS. (A questão iraquiana é muito complexa, e, portanto, difícil de ser tratada).
Portanto, as cinzas restantes da revolta não podem ser as nossas...
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