sexta-feira, fevereiro 29, 2008

POSTESIA VIRTUAL

olá, amigos

Inspirada no projeto idealizado pelo Binho, poeta da região, em que pendura em cada poste das avenidas do bairro do campo limpo, poesias que expressam as reflexões feitas pelos escritores do próprio bairro.
É por isso e com o mesmo intuito que este espaço, também, terá uma abertura para as produções de contos, poemas, manifestos de todos que queiram compartilhar seus escritos conosco. Então nós envie seus escritos..

Primeira Postesias/Portalsia é de Gloria Fuertes, uma poetisa espanhola.


Meninos da Somalia
Eu Como
Tu Comes
Ele Come
Nos Comemos
Vos Comeis
Eles Não
Segunda postesia é de Juliana Santos
Cas(u)al
Amor, mozin preciso te fazer uma pergunta
Diga linda!
Você me ama?
Claro, por que não amaria?
Não sei, mas se me ama me ama quanto?
Como assim quanto?
Não venha desconversando, diga logo o quanto me ama!
Ele pensa rapidamente e responde:
O tamanho do meu amor é bem maior que todo o universo
Ela em seu interior contesta:
Mas que filho da puta, do tamanho do universo pensei que era bem mais. Mas solta risinhos de contente é responde:
Eu também te amo e o meu amor por você é equivalente a aquela dor da unha encravada
Insuportável !!!

sábado, fevereiro 23, 2008

Se chover não vá! Risco de ENCHENTE.

Hospital da Gente
Contos/Cantos: Marcelino Freire, Obras “Angu de Sangue”, “Balé Ralé” e “Contos Negreiros”.
Direção: Mário Pazzini
Elenco: Alaissa Rodrigues, Josy Nonatto, Maira Galvão, Martinha Soares, Natalia Kesper, Naloana Lima e Naruna Costa.


Hospital da gente é um espetáculo marginal, que foi construído a partir dos desconcertantes contos/cantos do escritor brasileiro Marcelino Freire.


Foram escolhidas as mulheres de Marcelino para cantarem seus vexames entre becos e barracos, e bares, e vielas de uma favela, como tantas outras, (quiçá todas), FENIX.
O Grupo Clariô de Teatro criou um espaço cênico para a realização da peça. È uma casa com capacidade para 25 pessoas em um típico bairro de periferia.


Com músicas compostas pelo grupo durante o processo de pesquisa do espetáculo, A peça propõe uma visita, uma parada na linha de tiro, para tentar entender a partir do avesso, o que é a violência!


Aviso do Grupo: Se chover não vá! Risco de ENCHENTE.
Estréia dia 23 de fevereiro de 2008.
Endereço: Rua Santa Luzia,96 – Taboão da Serra (final da Prof. Fco. Morato, próximo ao Extra)
Temporada de 23/02 à 31/08 de 2008.
Lotação: 25
Duração: 1h20


Endereço: Rua Santa Luzia,96 – Taboão da Serra (final da Prof. Fco. Morato, próximo ao Extra)
Sáb: 21h e Dom: 20h
Ingresso: 20,00 (inteira) 10,00 (meia)
Estacionamento em frente ao local.
Reservas: 7651-8619
Classificação: 12 anos

domingo, fevereiro 17, 2008

EDIÇÕES TORÓ LANÇA LIVRO DE SILVIO DIOGO



Salve, povo. Licença.


Pra mais um encontro entre jornadas de trabalho, invenção e vida, Edições Toró vem convidar pro lançamento do livro Desenho do Chão, poesia manuscrita de Silvio Diogo. Na NECESSIDADE de criatividade, as gargantas da mão e os cheiros da vista procurando o ritmado da Poesia e a expressão de perguntas duras como paredes, que insistem em aparecer nas nossas esquinas do sentimento.


Sem marra mas ligeiro com essa auto-marquetage que impregna nas internet minuto a minuto, batelando na cabeça dos eternos virtuais, viciando a pensar que a vida seja uma tela na ponta do nariz: consumindo as horas dos pouco abraçantes, pouco suantes, de sapato com sola sempre nova, coluna torta e pouca ladeira. A substituir as carícias de pele, os vinhos de prosa e os cantos de guerrilha por digitais sempre apressadas e já quadradas, dos atuais apliques na tal “sociedade da informação”.


Nessas, Sílvio Diogo edita um livro feito de passos e te convida pra ler onde quiser. Busca, acerta, erra, viaja, nos brinda sempre com seus ouvidos amigos, presença autêntica que chove em seu trabalho. Solando, descobre poças no infinito e abre teias novas pra umidade mofenta de uns muros nossos, das urgências do hoje. Oferece aos leitores Poesia. Quem fecha o livro retorna com formigas na tramela do peito, ganha uma mirada pessoal de sentir os mistérios da criatividade. Essa que muda e se lapida a cada temporada de teimosia, reconhecendo buracos e lixos, fruteiras, frituras e nervuras do terreno.


As coisas acontecendo diferente do planejado e a gente desenhando nosso chão, aprendendo como nenês a equilibrar nossos passos, curtindo correr... mas vem Chão e também faz desenho da gente. Entre horizontes das manhãs e ciladas das madrugadas, do coração, a precisão do caminho a seguir.

No livro, o sotaque da caligrafia vem acompanhado dos desenhos de Carlos Ávila, ornando com a amarração de barbantes verdes.
Na humilde e na intenção faminta de ser lido, dez conto é o preço pedido nos lançamentos:


DIA 18/02, SEGUNDA-FEIRA
A partir das 21h, no Sarau do Bar do Binho, ponte de sabedorias e traquinages. Ainda na brisa da volta do povo da Expedição Donde Miras. Rua Avelino Lemos Júnior, 60, esquina com a Cel. Souza Ferraz, pertinho do Largo do Campo Limpo. Entre o posto e o caldo de mocotó. Fone: 5844 6521.

DIA 20/02, QUARTA-FEIRA
Às 21h, na Cooperifa. Onde mora o tição, a ciência, o sereno e a gana da Poesia. Rua Bartolomeu dos Santos, 797, Chácara Santana. Fone: 5891 7403.
Edições Toró

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

CANTOS NEGREIROS

Só pra você não esquecer...
Quem já viu essa apresentação sabe muito bem do que se trata, para os que ainda não conhecem basta dizer que na última quase a biblioteca desmorona.
Está de volta à Biblioteca Alceu Amoroso Lima o espetáculo literomusical "Cantos Negreiros". Apresentado com sucesso em 2007, o espetáculo mistura leituras de trechos dos contos de Marcelino Freire com canções afro, interpretadas por Aloísio Menezes, considerado uma das mais belas vozes da MPB. Nos dias 22 e 23 haverá também a participação de Fabiana Cozza, uma das grandes revelações do samba brasileiro.A novidade da temporada é a presença, ao lado de Freire, dos poetas Glauco Mattoso (no dia 15), Daniel Minchoni & Rui Mascarenhas (no dia 16), Sérgio Vaz (no dia 22) e Arruda & Eunice Arruda (no dia 23).
Os poetas e cantores serão acompanhados pelo violão de Marcos Paiva, o cavaquinho de Rodrigo Campos e a percussão de Douglas Alonso e Felipe Roseno.Dias 15, 16, 22 e 23 de fevereiro, às 19h

Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso LimaRua Henrique Schaumann, 777 - esquina com rua Cardeal ArcoverdePinheiros São Paulo, SPTel.: 11 3082-5023

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Itaú tem maior lucro da história do sistema bancário brasileiro

O lucro líquido consolidado do banco Itaú em 2007 foi de R$ 8,474 bilhões, um crescimento de 96,66% em relação ao resultado de 2006, quando lucrou R$ 4,309 bilhões, segundo dados divulgados nesta terça-feira. Com o resultado de hoje, o Itáu supera o Bradesco (que teve em 2007 um lucro de R$ 8,010 bilhões) e estabelece um novo recorde para um banco no país.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u371563.shtml..

O diretor-executivo de controladoria do banco, Silvio de Carvalho, atribuiu o desempenho do período à estratégia da instituição de focar no aumento de empréstimos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u98765.shtml
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CANALHAS!!

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Nelson Rodrigues no Itaú Cultural

O Itaú Cultural convida a Companhia de Teatro Os Satyros para uma nova encenação da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. A montagem, que é dirigida por Rodolfo García Vázquez - um dos fundadores da companhia -, conta com a presença da atriz Norma Bengell, que encenou o texto em 1975, inaugurando o Teatro Nelson Rodrigues.

A obra, apresentada pela primeira vez em 1943, é uma tragédia sobre a memória de Alaíde, mulher recém-casada que sofre um acidente e é submetida a uma cirurgia. A história não corre linearmente, mas dividida em três planos: memória, alucinação e realidade. Para essa encenação a companhia propõe uma abordagem contemporânea do texto original ao mesclar os planos e usar recursos tecnológicos.

Vestido de Noiva,de Nelson Rodrigues
direção Rodolfo García Vázquez
sexta 8 a domingo 17 19h30 sala itaú cultural [255 lugares]
Itaú Cultural avenida Paulista 149 [ingresso distribuído com meia hora de antecedência]classificação indicativa: 16 anos
ficha técnica
elenco: Cléo de Paris, Ivam Cabral, Nora Toledo, Alberto Guzik, Silvanah Santos, Phedra D. Córdoba, Laerte Késsimos, Gisa Gutervil, Denis Guimarães, Lara Giordana, Paulo Ribeiro, Renata Novaes, Ricardo Leandro, Thiago Guastelli.
participação especial: Norma Bengell
cenografia: Marcelo Maffeifigurino Silvanah Santos
iluminação: Rodolfo García Vázquez
vídeo: Laerte Késsimos

"...é maracatu, olha o baque sinhô, Umoja chegou!









Pois é...2008, chegamos com tudo !


Novos shows, novo figurino, novos instrumentos, novos rítmos. O povo do Umoja não descansa . Êta cansaço bom ! O cansaço de calejar as mãos de tanto tocar tambor, dos músculos trêmulos de tanto sambar...a voz que não cala nunca, mesmo depois de ensaios diários, por horas a fio .
Isso é Umoja ! Cambada de malucos pela cultura popular brasileira. Malucos, por aprender cada vez mais, e dividir com o mundo o que o Brasil tem de melhor; sua riqueza cultural .
OFICINA DE MARACATU NAÇÃO, a primeira de 2008 .
Um pouco da história do Maracatu Nação, e a origem dos rítimos.Prática dos instrumentos utilizados no Baque Virado . Noções de rítimo e tempo .
Atividade Gratuíta .
Local : Bloco do Beco - Rua Salgueiro do Campo, 383 - Jd.Ibirapuera
Data : 13/02/2008
Horário : 18 às 20hs
Oficineira : Mônica Santos (Percussionista / Arte Educadora)
"Simbora" povo ! O único pré requisito é querer aprender...até lá !

Hospital da Gente. Teatro em Taboão


Hospital da Gente
Contos/Cantos: Marcelino Freire, Obras “Angu de Sangue”, “Balé Ralé” e “Contos Negreiros”.
Direção: Mário Pazzini
Elenco: Alaissa Rodrigues, Josy Nonatto, Maira Galvão, Martinha Soares, Natalia Kesper, Naloana Lima e Naruna Costa.


Hospital da gente é um espetáculo marginal, que foi construído a partir dos desconcertantes contos/cantos do escritor brasileiro Marcelino Freire.


Foram escolhidas as mulheres de Marcelino para cantarem seus vexames entre becos e barracos, e bares, e vielas de uma favela, como tantas outras, (quiçá todas), FENIX.
O Grupo Clariô de Teatro criou um espaço cênico para a realização da peça. È uma casa com capacidade para 25 pessoas em um típico bairro de periferia.


Com músicas compostas pelo grupo durante o processo de pesquisa do espetáculo, A peça propõe uma visita, uma parada na linha de tiro, para tentar entender a partir do avesso, o que é a violência!


Aviso do Grupo: Se chover não vá! Risco de ENCHENTE.
Estréia dia 23 de fevereiro de 2008.
Endereço: Rua Santa Luzia,96 – Taboão da Serra (final da Prof. Fco. Morato, próximo ao Extra)
Temporada de 23/02 à 31/08 de 2008.
Lotação: 25
Duração: 1h20


Endereço: Rua Santa Luzia,96 – Taboão da Serra (final da Prof. Fco. Morato, próximo ao Extra)
Sáb: 21h e Dom: 20h
Ingresso: 20,00 (inteira) 10,00 (meia)
Estacionamento em frente ao local.
Reservas: 7651-8619
Classificação: 12 anos

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU: A JUVENTUDE NEGRA DA BAHIA


A Cor dessa cidade, sou eu?

Sérgio Vaz

O cantor Baiano Caetano Veloso talvez nem imaginaria que o título da sua música "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu", de 1969, também seria uma grande profecia a se confirmar no século 21, e por vários motivos. Um deles é que os trios elétricos, criados como alternativas para democratizar o carnaval e torná-lo popular, hoje são dirigidos como grandes empresas, e como toda grande empresa, o cliente tem sempre razão. Ou seja, quem pode pagar se diverte, quem não pode... Para quem não sabe, do outro lado da corda o baculejo é geral. Quem não tem chão, tem que sair do chão, mesmo! Mas a rua não é pública?Outro motivo é que a juventude negra das comunidades periféricas está sendo assassinada indiscriminadamente pela polícia truculenta de Salvador, e como todos sabem, mortos não se divertem, pelo menos por aqui. Os crimes cometidos por esses jovens? São negros, no estado mais africano do país. Se liga meu rei, os súditos estão de olho no castelo.Como eu disse anteriormente, do outro lado da corda, o baculejo é geral, amplo e restrito, e nas vielas das favelas o sangue não escorre nas calçadas, por isso, enquanto os turistas estão com a boquinha na garrafa, o sarrafo come, sem direito a lembrancinha do Senhor do bom fim. "Ó pa i ó!"Pois é, quando a cantora Ivete Sangalo canta que o povo do gueto mandou avisar que vai rolar a festa, acho que ela está falando de uma outra festa e de um outro gueto, a elite branca, que com certeza não é o mesmo povo de Hamilton Borges (reaja ou será morto, reaja ou será morta), Nelson Maka (Blackitude), Vilma Reis, que luta e denuncia icansavelmente o extermínio dos pretos Soteropolitanos, que vivem à margem do futuro, criado pelo passado sujo do tranca-rua do carlismo.Só quem conhece a periferia de Salvador sabe o que é realmente mastigar o chiclete com a banana. Os chicleteiros, quando acaba o carnaval, batem suas asas de águia para suas casas, enquanto o pipoca se estoura de janeiro a janeiro, com a porra daquela corda, que sempre arrebenta do lado mais fraco: "Dendê no cu dos outros é refresco."Mal sabem, que lágrima de mãe quando perde um filho, morto injustamente por quem deveria zelar pela segurança pública do estado, não acaba nunca, é preciso vários Abadás para secarem. E nenhuma eletricidade que ilumina a avenida, vai acender a vela do perdão quando a gente cansar de andar de carro velho.O povo do gueto mandou avisar que quer JUSTIÇA, se não... vai acabar com a festa!Quanto mais Haiti, mais Paris se aproxima.A Cor dessa cidade, sou eu?
Sérgio Vaz
Poeta da periferia
leia mais sobre o tema na revista Carta Capital desta semana (do caralho!)
Leia texto "Bahia: a matança continua" de Vilma Reis no blog do Maka (http://www.gramaticadaira.blogspot.com/)


Texto retirado do blog do autor http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/

terça-feira, fevereiro 05, 2008

FÁBRICA DE CRIATIVIDADE ABRE OFICINAS


Arme-se!

Periferias da França se armam de câmeras

Pascale Krémer / Le Monde

Reformulemos os clichês. Na periferia, os jovens não rodam só sobre a cabeça, no estilo hip-hop. Eles também rodam filmes. Médias, curtas, supercurtas metragens de ficção, mas também documentários e reportagens. Vendidos em forma de DVD, e principalmente divulgados de graça em sites da internet, que às vezes parecem verdadeiros canais de TV na Web, em videoblogs ou sites de compartilhamento como Dailymotion... Qualquer que seja a forma e o suporte final, com modos de organização variados (coletivo informal, associação, ateliê de centro cultural municipal), a criação de vídeo ferve nas periferias.

Depois do esporte, da música, da moda, a idéia de que é possível se exprimir, ganhar um reconhecimento social -e por que não?, a vida- graças ao audiovisual toma corpo. Prova disso é a oferta atual de diversos festivais de curta-metragem na França. Como o Regards Jeunes sur la Cité, do Oroleis (estrutura afiliada à Liga do Ensino): 120 curtas sobre os bairros em competição, "porque não podemos receber mais", explicam. "Mas há cada vez mais criações, cuja qualidade melhora a cada ano."

Não é preciso procurar muito para encontrar os principais motivos desse entusiasmo. As ferramentas, câmeras digitais e software de edição se democratizaram, seus preços desabaram e sua utilização foi simplificada ao extremo.

A força da imagem

Outra evidência: os jovens das periferias, como todos os outros, pertencem à geração da imagem, onipresente em seu cotidiano -televisão, videogames, internet, celulares... Ela é sua forma de expressão natural, enquanto a escrita muitas vezes os desanima. É preciso, por exemplo, entender como o coletivo En Attendant Demain [Esperando o amanhã], da periferia de Bordeaux, concebe suas engraçadas minificções: "Nós contamos situações. Improvisamos, os diálogos surgem. Filmamos. Depois transcrevemos. E depois filmamos para valer. Porque se começarmos diretamente pelo texto, isso exclui alguns jovens".

Reconquista de uma linguagem que não é a do ensino tradicional, e da qual eles captaram toda a força. Mas também trabalhos com benefícios terapêuticos para sua própria imagem, afim de contrabalançar a veiculada nas mídias. A campanha presidencial de 2002, em que a temática da insegurança foi tão presente, e sobretudo os tumultos do outono de 2005 e depois 2007, deixaram marcas. Desilusão, desconfiança no melhor dos casos, desprezo muitas vezes, ou mesmo franca hostilidade: os jovens das "cités", que têm a impressão de serem incessantemente estigmatizados, não cultivam em relação à mídia, e principalmente a televisão, os melhores sentimentos. Um deles, hoje autor de reportagens, resume, lapidar e definitivo: "O jornalista é alguém que vai contar idiotices sobre os jovens, que os trai. Como o policial".

Exasperação

Passando para trás da câmera, eles se reapropriam de sua imagem. Por que esperar uma evolução na qual não acreditam mais, quando podem criar suas próprias mídias alternativas? "Depois de 2005, dissemos chega, não deixaríamos mais que falassem da gente daquele jeito, de uma maneira prejudicial, violenta! Que a palavra devia vir de dentro", afirma Ernesto Oña, do coletivo En Attendant Demain. "Sabemos que hoje a imagem é o poder. A grande mídia. Daí a idéia de nos apoderarmos dela, de tomar o controle. É um ato político. Uma espécie de golpe!"

Omar Dawson, 29, brilhante súdito britânico, chegou à "cité" Grande Borne, em Grigny (departamento de Essonne), aos 5 anos. Depois de um diploma de comércio internacional e um ano de experiência profissional na América do Sul, ele envia 200 currículos e recebe uma única oferta, para telemarketing temporário.

"Eu não mandava foto, só meu nome e o endereço, isso dá indícios. Minha motivação para criar o site na Web veio daí. Essa dramatização do problema da insegurança em nossa periferia nos prejudica. É impensável que as pessoas façam carreira levando preconceito a toda uma população! Não negamos os problemas, mas eles não se comparam com o que foi descrito!"

A exasperação diante da mídia tradicional: é o ponto comum de todos esses jovens que se apoderam da câmera. Basta tocar no tema e surge uma chuva de críticas. Os jornalistas trabalham com pressa, não têm tempo de conversar com as pessoas, de pesquisar, não conhecem nada da periferia, só vão lá quando há confusão, servem a interesses comerciais e políticos, só se interessam pelo espetacular que pode confirmar seus preconceitos, os eternos estereótipos sobre a periferia e seus habitantes -um mundo à parte de violência, de delinqüência, de sofrimento, povoado por estupradores, traficantes, ladrões e radicais encapuzados... A ponto de usar atalhos e truques técnicos para obter a imagem e o objetivo esperados.

"Não acreditamos mais na mídia"

Cada um tem sua história, o evento detonador da tomada de poder midiático. O borbulhante Mourad Boudaoud, 21, que sonha ser ator, ou talvez diretor, e atualmente filma temas para o site Regards2banlieue, lembra-se de uma reportagem sobre um traficante em seu bairro. Em segundo plano, via-se um canal. Acontece que não há canais em sua "cité". Sadio Doucouré, uma jovem que trabalha para os Engraineurs, em Pantin (departamento de Seine-Saint-Denis), e coloca como premissa "Não acreditamos mais na mídia", conta que antes das eleições de 2002 uma jornalista da televisão pública veio ao bairro de Courtillières (Pantin).

Bandos rivais acabavam de se enfrentar na Défense (Paris). "Ela estava sob pressão. Veio a Pantin porque é perto de Paris, porque é fotogênico e não há grandes malandros que roubam as câmeras. Ela interrogou alguns garotos na saída do colégio. Evidentemente, eles estavam superanimados. Ela perguntou como eles acertavam suas diferenças. 'Passamos pelo arsenal!', fanfarronou uma menina, para ter certeza de que sairia na TV. A jornalista não insistiu, e à noite, no JT, havia um esconderijo de armas em Courtillières..." Os Engraineurs fizeram disso uma reportagem e um docu-ficção, "Sale réput" [Suja reputação], com a atriz Isabelle Carré.

É "para dominar as imagens que saem" que Sadio faz filmes hoje. "Para mostrar as coisas como são, sem negar a realidade de uma periferia de exilados, precisando de renovação, reservada às pessoas originárias da imigração. Para falar da vida simplesmente. Eu vivo na 'cité'. E não tem nada a ver com o que mostram. O problema é que depois de todas essas reportagens as pessoas têm medo de vir aqui, o que reforça a ruptura entre nós e os outros. E depois, forçosamente, as pessoas acreditam na imagem que divulgam delas. Elas se identificam."

Imagens chocantes

Omar Dawson foi marcado pela passagem pela Grande Borne de uma jornalista de um semanário de grande circulação. "Ela ficou vários meses, foi bem recebida. E no final saíram uma matéria intitulada 'Eu vivi na cidade do medo' e um livro de pura ficção. Muitas pessoas se sentiram traídas. Ela falava de crianças apavoradas que dormiam com uma faca de cozinha na mão. Uma foto em contraluz de um monte de pedras em um estacionamento em reforma se transformou em 'Certas partes de Grigny parecem devastadas pela guerra'!"

Chocado por essa encenação, Omar filma "Grignyfornia", uma comédia de 80 minutos sobre o funcionamento da mídia e seu impacto sobre os jovens da periferia. Ou como dois espertos financiam suas férias em Cuba ("Chega de passeios a Trouville com a prefeitura!") vendendo às televisões as imagens chocantes que elas adoram. Choques e guerras de gangues mais reais que as de verdade, entrevistas fraudulentas de radicais que exigem cursos de pilotagem e treinam os meninos do bairro para se atirar contra muros de patinete...

Sucesso individual

Depois, em dezembro de 2007, em um pequeno lugar emprestado pela prefeitura, com algum dinheiro da mesma e do conselho geral de Essone, Omar Dawson lança Icetream TV, um canal de TV "das culturas urbanas" na internet. "Uma TV de bairros, e não do bairro", explica. "Uma mídia participativa, para que parem de falar do nosso lugar. Quando as pessoas sabem que têm uma possibilidade de se exprimir, a coisa funciona. Um jovem que participou dos tumultos veio nos propor uma idéia de tema: como e por que começam os tumultos!"

Mourad Lakehal, sócio de Omar nessa aventura, apresentador cômico estreando na Icetream TV, sonha em "dessimplificar as coisas". "Sinceramente, não é o país dos sonhos, mas gosto muito de Grigny. Eu vejo todo um potencial, a riqueza das pessoas."

Destin Ndza também os vê, ele que produz reportagens para a Regards2banlieue. "Mudar a periferia, não vamos conseguir falando só de carros em chamas. Nesses bairros há uma energia que precisamos ecoar." Então descobrimos em todos esses sites uma série de iniciativas associativas ou empresariais felizes. Uma solidariedade entre os moradores.

Belos casos de sucesso individual. Uma verdadeira criatividade artística entre os jovens. Em suma, tantos temas positivos que, sob o fogo da crítica, as próprias mídias clássicas começam a propor. Mas o que marca nessa produção de vídeo que deveria restabelecer uma espécie de verdade sobre a periferia é o humor, o formidável sentido de autozombaria com o qual são tratadas as questões, aliás onipresentes, da discriminação e da exclusão social.

Os jovens não se apresentam obrigatoriamente como vítimas da sociedade. A autocrítica domina. "O humor é o fundo do desespero. Rimos de nossas próprias tristezas porque se não rirmos enlouquecemos. É kafkiana a vida na periferia, é de enlouquecer! E depois é melhor fazer os outros rirem do que culpá-los, isso os toca mais: já os faz entrar em nosso universo. De repente, temos algo em comum", entusiasma-se um dos fundadores do coletivo En Attendant Demain, que produz pequenos quadros cômicos da vida no bairro -onde os jovens aparecem sob uma luz pouco lisonjeira mas terrivelmente humana.

Humor e ironia

Rimos francamente desde o início desse documentário (De la Cité à la Campagne) de CitéArt, associação de Vigneux-sur-Seine (Essonne), quando os jovens instalados em um carro para ir filmar no interior percebem de repente que nenhum deles tem carteira de motorista. Ou diante do videoblog dos Shaolyn Gen-Zu (no site www.vsd.fr). Esses cinco "rappers" de Clichy-Montfermeil (Seine-Saint-Denis) se filmam em suas cansativas tribulações cotidianas para divulgar seu disco: seus atrasos patológicos ("Que horas são? Mas que horas são?", um deles se enerva, no escuro, fechado em um armário por seus colegas exasperados por tê-lo esperado demais).

A venda do CD sobre caixotes no mercado. A turnê pelas Fnac da França para colocar seu disco ("Todas as Fnac nos dizem para procurar outra Fnac. Mas, bom, a gente não sossega!"). Seu show na Festa do l'Humanité, na entrada da qual eles não conseguem convencer ninguém de que são artistas esperados. E onde se pode almoçar um menu de ostras e lagostim. "32 euros! 32 euros por camarões?"

Cúmulo da ironia: a televisão, que involuntariamente provocou todas essas novas vocações, começa a se interessar de perto por essa produção. Recentemente, a TF1 anunciou a intenção de procurar na periferia jovens roteiristas e diretores de talento. O Canal+ localizou a equipe do En Attendant Demain e encomendou três ficções de 26 minutos, que transmitirá em junho. Um belo começo de revanche para a periferia.

Fonte: Le Monde
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves / UOl Mídia Global