quarta-feira, julho 14, 2010

Edições Toró, Donde Miras e CDHEP convidam para o curso: “ Presença latino-ameFricana: ArteReflexão” - de 31/Jul a 04/Set, na zona sul paulistana.

Com licença pra um chamado à pedagoginga.
Pra que a teoria não morra de anestesia. E a pedagogia não definhe sem poesia.

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Edições Toró, Donde Miras e CDHEP (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular) convidam para o curso: "Presença latino-ameFricana – ArteReflexão”

GRATUITO para 35 participantes, com distribuição de apostilas e certificado ao final do curso.
Seis encontros aos sábados - de 31/07 a 04/09 - sempre das 14h às 18h
No CDHEP: Rua Dr. Luís da Fonseca Galvão, 180 (colado ao Metrô Capão Redondo) – 5511-5073 São Paulo/SP

Pra ver a arte do cartaz e conferir as imagens, materiais e apostilas dos cursos passados é só chegar no sítio www.edicoestoro.net .
Inscrições também no sítio da Toró ou na sede do CDHEP, até 23/07/2010.
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Programa do curso:
31/07 - “Literatura argentina frente às suas novas vozes", com Lucía Tennina (Professora de Literatura Brasileira e Portuguesa na Universidade de Buenos Aires. É pesquisadora visitante em Cultura Contemporânea, da Universidade Federal de Rio de Janeiro. Colabora em revistas acadêmicas e independentes, de Brasil e Argentina.) & "Cultura que brota da terra: povos indígenas no Brasil e suas lutas pelo território no século XXI", com Spensy Pimentel (Jornalista e antropólogo, hoje pesquisador na USP. Há 12 anos pesquisa os índios Guarani-Kaiowa, de Mato Grosso do Sul, estado onde nasceu).

07/08 - “Fotografia e 'o outro México rebelde': questões de olhar sobre novos movimentos sociais”, com Waldo Lao Fuentes Sánchez (Formado em Antropologia pela Escuela Nacional de Antropologia e Historia do México- ENAH, pós-graduando pelo PROLAM-USP. Atualmente é fotógrafo e colaborador de diversas meios independentes de comunicação) & "Salve, Hermanos!!! Hip Hop e(m) Cuba", com Mateus Subverso ( B. Boy e grafiteiro da Posse ‘Suatitude’ e integrante das Edições Toró. Também atua como designer gráfico e digital destes dois coletivos)
              
14/08 – “Cuba e Haiti: Atlântico Negro, culturas e interpretações”, com Amaílton Azevedo (Professor de História da África da PUC/SP) & “No chão da Martinica, a palavra de noite", com Luana Antunes Costa (
Professora, pesquisadora em Literaturas Africanas e Afro-brasileira, escritora e tradutora. Doutoranda em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, pela USP).

21/08 - “A mátria das cordilheiras, mar, pampa, sierra, selva e sertão: arte & re-existência”, com Marcos Ferreira Santos (Músico e Arte-educador. Professor da Faculdade de Educação da USP)

28/08 - “Teatro, Negro, no Brasil: do TEN ao Bando Olodum", com Evani Tavares (Atriz, angoleira, doutora em Artes pela UNICAMP e autora do livro “Capoeira Angola como treinamento para o ator” & “Cinemas afro-sulamericanos”, com Lilian Solá Santiago (Cineasta, pesquisadora e curadora de mostras de cinema. Historiadora e professora de cinema)

04/09 – “Revolução? Movimento Zapatista e Literatura das Margens Mexicanas", com Alejandro Reyes (Mexicano de nascença, escritor, jornalista e tradutor. Coordena a coleção"Imarginália' da Editora Sur + , é integrante da rádio zapatista e pesquisador atuante em cultura e literatura latino-americana) & Avaliação Coletiva.

Articulação Pedagógica: Allan da Rosa
Concepção e Diagramação de Cartaz e Apostilas: Mateus Subverso
Realização: Edições Toró, Donde Miras e CDHEP
Apoio: Nós por nós
Agradecimentos: Aos educadores que vêm na graça e na luta. E à comunidade que chega ou oferece atenção
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Para conferir a arte do cartaz e mais detalhes deste e dos outros cursos (fotos, recursos pedagógicos, apostilas) é só chegar nas varandas do sítio da Edições Toró: www.edicoestoro.net
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"Presença latino-ameFricana - ArteReflexão"
Quarto curso organizado pela Edições Toró, agora pareada pela fortaleza do coletivo DondeMiras e pelo vigor e crença do CDHEP (Centro de Direitos Humanos e Educação Popular).

A miragem é aprender sobre as graças, os traços e os revides fundamentados aplicados no racismo, na escravidão que é tanta e diferente a cada dia, na agulha que insistem em colocar nas nossas palmilhas.

Da borda de cá do Oceano Atlântico, maior cemitério e ponte da história humana, vamos re-existindo e comungando estudos e caminhos de roda. Com mais fundamento e menos marquetagem, menos holofote.

Da borda de cá da cidade que segrega, atola e pinga-repinga uma educação oficial merrequeira, tijolando muros no asfalto, na ladeira e no peito, barrando saberes e brinquedos que se expressam nas beiradas.

O curso traz artistas, professores e ativistas entranhados a cada dia na questão, pensando relações entre Africania e América Latina, seja onde o passo negro deixou e deixa mais caminhos, se entrançando com outros cantos, ou mesmo onde a força indígena mais vogou e voga.

Pra que a teoria não morra de anestesia. E a pedagogia não definhe sem poesia.

Edições Toró
Morro do Mineiro – Taboão da Serra/SP

quinta-feira, junho 24, 2010

Filmes – Mostra A Saga Negra do Norte de 17/07 a 15/08 no Museu Afro Brasil

    A luta do negro norte-americano pelos direitos civis é o pano de fundo das produções que o Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura apresenta, a partir do dia 17 de julho, às 14 horas, na inédita mostra  de filmes A Saga Negra do Norte, em parceria com a Heco Produções. Com curadoria do cineasta Eugenio Puppo, foram selecionadas nove obras, entre documentários e ficções que retratam diferentes perspectivas de um período crucial para a questão das relações raciais nos Estados Unidos. Entre os filmes estão O Assassinato de Martin Luther King (1993), de Denis Muller; Os Panteras Negras, dirigido por Agnès Varda e  Malcom X, de Spike Lee. A mostra termina no dia 15 de agosto e terá sessões sempre às 14 e 17h00, aos sábados e domingos, no Auditório Ruth de Souza, do Museu Afro Brasil.


Programação:
17/07 - 14h00 – O nascimento de uma nação; 17h00 – Manderlay
18/07 - 14h00 – Crise ; 17h00 – Sympathy for the Devil
24/07 - 14h00 – O Assassinato de Martin Luther King; 17h00 – Malcom X
25/07 - 14h00 – O Poder do Soul;  17h00 – Sweet Sweetback’s Baadasssss Song
31/07 - 14h00 – Shaft ; 17h00 – O Retorno de Sweetback
01/08 - 14h00 – O nascimento de uma nação; 17h00 – Manderlay
07/08 – 14h00 – Crise; 17h00 - Sympathy for the Devil
08/08 – 14h00 – O assassinato de Marthin Luther King; 17h00 – Malcom X
14/08 – 14h00 – O Poder do Soul;  17h00 - Sweet Sweetback’s Baadasssss Song
15/08 – 14h00 – Shaft ; 17h00 – O retorno de sweetback



Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº
Parque Ibirapuera- Portão 10
São Paulo- SP - Brasil
CEP: 040094-050
Fone: 55 11 5579 0593 

terça-feira, junho 22, 2010

1 Festival de Cinema de Várzea

Na correria, nem deu pra avisar, mas ó, tá rolando o Festival de Cinema de Várzea organizado por nada menos que o NCA (Núcleo de Comunicação Alternativa). A idéia é audaciosa e acontece pelos campos do Grajaú, Z/S de SP.

Pode conferir a programação no site
www.cinemadevarzea.com.br

Posto o cartaz de abertura, atrasado, mas vale a pena dar uma olhada no que já rolou.

RADIOGRAFIA CULTURAL. Periferia e underground no CCBB

Vamo vê.

segunda-feira, abril 26, 2010

Vamos chegando devagar

Ontem o CineBecos voltou com força total. Comentamos depois da exibição que não tem nada melhor do que começar a semana fortalecido, com brilho nos olhos e com a certeza da responsa que carregamos frente as crianças que chegam nos "intimando" com a pergunta : "E a sessão infantil?" e também frente a gerações passadas e trajetórias que foram dedicadas a luta da comunidade negra.
Depois da exibição tivemos o prazer de conversar com Oubi Inaê Kibuko um dos muitos personagens que aparecem no documentário. Passados quase 30 anos daquele momento registrado por Raquel Gerber, Oubi vem da Cidade Tiradentes compartilhar sua experiência, agora por detrás da câmera no seu filme Oriki. Orí-Oubi-Oriki...

Vivenciamos um momento de ligação já postulado por Beatriz Nascimento, historiadora e militante cuja voz conduz a narração do documentário no ir e vir de idéias, histórias e lutas no Atlântico Negro nos diz:
"Você tem uma ligação, uma linha tênue com seu passado, porque esse passado foi negado...
Este momento está se recuperando ...
Porque é o momento histórico de recuperar este passado, para que esta linha tênue que liga o negro brasileiro ao outro homem africano, não seja uma linha que possa ser interrompida, que não haja um curto- circuito!"

Certamente ontem reforçamos esta linha tênue que hoje liga também Cidade Tiradentes a Piraporinha e a outras periferias deste Atlântico por meio dos pixels do vídeo.

segunda-feira, março 08, 2010

Cine Becos na ativa com muitas novidades

Neste ano o CineBecos completará cinco anos de existência. Podemos dizer que é uma criança curiosa e atenta, sempre buscando um “jeito que é só seu” de ser e estar no mundo.

Iremos retomar a boa e velha intinerância no formato “Cinema em Casa” e no formato de pequenas mostras em alguns espaços que nos fortalecem e que acreditamos.

Para o “Cinema em Casa”, queremos ser convidados e também nos convidaremos a adentrar sua casa, de preferência a garagem, para que a vizinhança, seus amigos, hehehe nossos amigos, possam curtir um bom filme de um jeito mais aconchegante. Se interessou? É só dar um toque que é serviço delivery!

E que tal assistir um filme surpresa indicado e apresentado por uma pessoa convidada pelo CineBecos para a sessão “Põe um do Bom”? . A lista de convidados interessantes é grande e é certo que os filmes por eles indicados também. E atenção! Um filme pode ser indicado por uma pessoa por qualquer razão: desde porque “marcou minha infância”, passando por: “foi durante este filme que dei meu primeiro beijo”, até “este filme é um marco histórico para a cinematrografia mundial”. Enfim, vá pensando aí que filme você gostaria de apresentar e compartilhar conosco no "Põe um do Bom"!

Além das intinerâncias, o Cine Becos continuará com a tradicional exibição do último domingo de cada mês na Casa Popular de Cultura do M’Boi Mirim. Em breve postaremos mais detalhes desta exibição e das outras novidades!

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Diretor fala sobre "Preciosa"




Lee Daniels durante as filmagens de "Preciosa"

Por Fernanda Ezabella, enviada especial a Los Angeles
http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/


Lee Daniels, 50, é diretor de “Preciosa - Uma História de Esperança”, que chega hoje aos cinemas após ser indicado a seis Oscars, incluindo filme e direção. Ele é mais conhecido como produtor. Trabalhou em “A Última Ceia” (2001), vencedor do Oscar de atriz para Halle Berry, e “O Lenhador” (2004), com Kevin Bacon.
Sua estreia na direção aconteceu com o pouco comentado “Matadores de Aluguel” (2006), seguido de “Preciosa”, um conto de fadas do avesso, sobre uma adolescente cheia de problemas, analfabeta, obesa e mãe de dois filhos, resultado do estupro do pai. Entre cenas violentas, a personagem sonha com um mundo de glamour.
O filme é baseado no livro da autora americana Sapphire, “Push”,publicado nos anos 90.
Daniels é o segundo afro-americano a ser indicado ao Oscar de direção. E o primeiro a dirigir um filme indicado à estatueta de melhor filme.
Confira a seguir a entrevista com Lee Daniels. Ele fala como é ser gay na indústria do cinema, sobre Obama ser um grande cara, como é trabalhar com Lenny Kravitz e Mariah Carey, entre outros assuntos.
FOLHA - Li que até Madonna tentou comprar os diretos do livro de Sapphire para fazer um filme e não conseguiu. Como você fez para convencê-la?
LEE DANIELS - Sapphire viu um filme que eu fiz, “Matadores de Aluguel”, com Helen Mirren e Cuba Gooding Jr., e gostou. Mas eu a persegui por muitos anos. Acho que ela se cansou de me ver na cola dela e apenas desistiu. Eu liguei todos os dias, durante nove anos!
FOLHA -O que te chamou a atenção no livro?
DANIELS - Foi essa verdade brutal, como se alguém tivesse me dado um murro no estômago. Nunca tinha lido algo tão verdadeiro como isso.
FOLHA - O filme é bastante pesado, mas o livro consegue ser ainda mais duro. Como você decidiu o tom do filme?
DANIELS - Achei que o tom do filme tinha que ser... Veja bem, o público tinha que respirar. No livro, tantas coisas horríveis acontecem com ela, é pornográfico, eu não poderia filmar tudo. Por isso criei esse mundo de fantasia [quando ela sonha que é famosa], o que realmente ajuda o público. A gente precisa respirar depois de ver algumas das coisas que se passam no filme, é preciso tempo para digerir algumas cenas. Então acho que o humor, o riso, ajudam a digerir a devastação que estamos testemunhando.
FOLHA - A Sapphire participou do processo de adaptação e filmagens?
DANIELS - Não. Ela ajudou um pouco no roteiro, deu algumas sugestões. E ela é um extra no filme também, achei que isso me traria um pouco de boa sorte.
(atenção! spoilers)
FOLHA - Quem é ela no filme?
DANIELS - Bem antes do final, quando Precious deixa seu bebê com uma pessoa na creche antes de ir encarar a mãe. Sapphire é essa mulher da creche.
FOLHA - E como você encontrou Gabourey Sidibe [atriz estreante que faz Precious, indicada ao Oscar de atriz]?
DANIELS - Eu entrevistei umas 500 meninas. E Gaby apareceu e foi incrível, amor à primeira vista. Ela é tão esperta. As outras meninas também eram preciosas, mas...
FOLHA - Gabourey disse numa entrevista que o filme traz muitas mensagens, mas que a maior delas é “esperança”. Você concorda? Qual a principal mensagem para você?
DANIELS - Aprender a amar a si mesmo. Porque você vê, Mary [a mãe abusiva interpretada por Mo’Nique, indicada ao Oscar de atriz coadjuvante] se amava no começo. Ela nunca teria feito mal a Precious. Mas Mary é uma vítima também.



FOLHA - E com uma história tão pesada assim, como era o clima no set de filmagens?
DANIELS - Ah, era maravilhoso, como uma festa. A gente dançava, ria. Mariah Carey cantava, Lenny Kravitz tocava guitarra. Era muito amor. [Carey interpreta uma funcionária do serviço social, e Kravitz, um enfermeiro]
FOLHA - E como foi convencer Mariah Carey a filmar sem maquiagem alguma? [numa entrevista à revista “Empire”, Gabourey disse que Carey reclamava todo os dias]
DANIELS - Não, não foi problema, ela me deu tudo o que eu queria. Confiou em mim.
FOLHA - E como aconteceu o convite para ela fazer o filme?
DANIELS - Helen Mirren ia fazer seu papel, mas ela conseguiu outro trabalho e me ligou. E Mariah Carey me ligou três horas depois e eu disse: “Não posso falar agora, estou trabalhando”. E ela: “Em quê?” E eu: “Push”. E ela: “Oh, eu conheço esse livro”. Aí eu liguei para Helen de volta e perguntei o que ela achava de Mariah. E Helen disse: “Eu acho que é uma grande ideia, porque se eu fizer, é esperado; mas se Mariah fizer, é inesperado. Vai fundo”.
FOLHA - E com Lenny Kravitz? Ele é meio que um alter ego seu no filme, já que você trabalhou com enfermeiros no passado? [Daniels criou sua própria agência de enfermagem aos 21 anos e depois a vendeu por US$ 2 milhões e foi ser produtor de cinema]
DANIELS - Não, nunca pensei nisso antes, mas é interessante. Talvez de uma forma inconsciente? Mas Lenny e eu somos grandes amigos. Foi apenas confiança. Ele nunca tinha lido o livro. Eu liguei, disse que tinha um trabalho para ele, e ele veio. Disse que seria uma honra.
FOLHA - Os filmes que você dirige ou produz têm sempre um tema pesado. Por quê?
DANIELS - É inconsciente, eu sou muito atraído a essas coisas a cada filme que passa. Não planejo fazer filmes obscuros, você sabe... Mas, de alguma maneira, isso acaba acontecendo. Eu não entendo, fico confuso, não tenho a resposta.
FOLHA - E sobre o que será seu próximo filme? Li que você vai rodar “Selma”, sobre as manifestações em 1965 pelos direitos civis dos negros. É verdade?
DANIELS - Pode ser “Selma”, talvez. Não me sinto confortável para falar disso, estamos muito no começo. Na verdade, estou desenvolvendo várias coisas: um musical sobre drag queens, vou dirigir “Miss Saigon”. “Selma” é um projeto muito importante, mas odeio ficar falando de coisas, de ficar zicando. É como falar de Oscar. Não gosto de zica. Me deixa muito nervoso, entende?
FOLHA - Mas é verdade que Robert De Niro estaria no elenco de “Selma”?
DANIELS - Robert De Niro é um grande amigo meu. Estamos negociando para fazer um filme juntos. Não sabemos ainda qual.
FOLHA - E o que mudou na sua percepção de diretor com esse segundo filme?
DANIELS - Eu mudei como homem, eu cresci. Acho que em cada filme você cresce [...] Lembro que eu estava na Espanha com meu namorado e nós fomos ao cinema, era o lançamento de “Matadores de Aluguel” [2005]. Meu namorado não queria ir, ele realmente queria deixar esse filme para trás, mas eu queria ver meu filme em outro país, sabe? Você acredita que eu e ele éramos os únicos dentro do cinema, na noite de estreia? Essa foi, sem dúvida, uma experiência horrível.
Mas eu amo todos os meus filmes. Amo “Preciosa” tanto quanto “Matadores” [...] Se eu faço as coisas diferentes hoje? Não sei, talvez, mas eu era outro cara então. Se fosse um diretor italiano fazendo “Matadores”, seria outro filme completamente diferente.
FOLHA - E como a comunidade negra nos EUA recebeu “Preciosa”?
DANIELS - Eles amaram. Mas não me pergunte sobre aquele único indivíduo que odiou, que disse tudo aquilo. É sobre isso que você vai perguntar agora?
FOLHA - Não, mas o que aconteceu? [entre muitas críticas positivas, o filme recebeu algumas negativas, afirmando que “Preciosa” retratava os negros de forma muito depreciativa]
DANIELS - Tem um cara que ficou chateado, que diz que a gente faz com que pessoas negras apareçam de forma não muito positiva. E os jornais publicaram isso, com esse único cara falando. Mas, você sabe, as pessoas sabem da verdade. E acho que essa é a razão dos afro-americanos terem abraçado este filme com amor. E, para minha surpresa, o universo abraçou o filme. Pessoas de todas as cores e credos abraçaram o filme.
FOLHA - Você costuma falar abertamente sobre as dificuldades que passou na infância, sobre seu pai abusivo, sobre seu uso de drogas [que o levou a ter um ataque do coração]. Você também não tem problemas em falar que é gay. Isso tudo, essa franqueza, é uma coisa rara na indústria do cinema, não?
DANIELS - Não acho que seja uma coisa rara. Não sei por que as pessoas acham isso uma grande coisa sobre mim. Todos os meus amigos são abertos [em ser gay], como Tom Ford, que fez “Single Man”, Andre Leon Talley, editor da “Vogue”. Todas essas pessoas estão fora do armário, felizes.
FOLHA - Mas eu estava falando da indústria do cinema, não do povo da moda.
DANIELS - Acho que a maioria deles é gay [na indústria do cinema]. Eles só não querem sair do armário. Mas a vida é muito curta para viver uma mentira. E Deus me perdoe se alguém descobrir algo sobre mim e escrever sobre isso. Não! Aqui está toda a minha merd***, não tenho nada para esconder, entende?
FOLHA - E o que você está achando da administração Obama?
DANIELS - Sinto que ele está mudando o mundo. Como ele disse antes, a mudança leva tempo. Acho que as pessoas estão esperando pacientemente. Pelo menos os democratas estão. Acho que ele fez coisas incríveis, cometeu alguns erros, mas ele reconheceu seus erros, o que o faz um homem único e maravilhoso.
FOLHA - Mas há uma certa decepção com ele, não se pode negar, não?
DANIELS - Sabe de uma coisa? Ele percebeu que... Ele não era presidente quando ele fez aquelas promessas de campanha. Informação não era dada a ele, porque ele não fazia parte do circo, da bolha. Então, foi difícil para ele fazer previsões.

Clariô: Cinbecos e NCA

Em 2009, CineBecos e NCA participaram do Quintasoito do Espaço ClariÔ, em Taboão da Serra - SP.
Dê uma conferida no vídeo.


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www.espacoclario.blogspot.com