segunda-feira, julho 31, 2006

A mídia, eleições e a economia

Acredito que não seja só eu, mas todos nós temos observado nos últimos meses um debate que pode revelar muito de alguns interesses. Os fatos:
- A chamada grande mídia, há algum tempo, demonstrava estar muito preocupada com a economia que o governo brasileiro estava fazendo para pagar os juros da dívida, o tão chamado "superávit primário". Para eles, naquele momento, aquela economia estava exagerada, muito alta, o que inibia o investimento público.
- De repente, por motivos que sabemos bem, há uma mudança de posição, e a preocupação passa a ser o fato de o governo estar diminuindo o superáviti, ou seja, a quantidade destinada para pagar os juros da dívida. A preocupação passa a ser agora o aumento dos gastos do governo (ou aumento do investimento público, como diz alguns).

Vocês não acham estranho essa mudança/contradição? Penso o seguinte: há um certo setor da sociedade que teme um beneficiamento para o governo, o que pode ter bons efeitos eleitorais para Lula, com o aumento de gastos do governo.
Que pensamento econômico mais imediatista... depois reclamam do país em que vivemos.

Por Anderson Rodrigues

Materia sobre o Cooperifa na Folha

'Salve, guerreiros'
DA REVISTA DA FOLHA

"Não tem erro. Pega a estrada de M'Boi Mirim, quando passar a igreja de Piraporinha, vira à direita e vai dar de cara com a padoca. Na bifurcação, tem uma ladeirona, sobe e já é. Firmeza?" São essas as coordenadas de Alessandro Buzo para quem deseja chegar ao bar do Zé Batidão, sede do Sarau da Cooperifa, que acontece toda quarta-feira, às 20h30.
No boteco, cerca de 200 pessoas dividem-se entre as mesas de plástico e a mureta do quintal. Cerveja de garrafa, carne-seca com mandioca cozida e um drinque especial, a "gostosinha", caipirinha limão com dois dedos de mel no fundo do copo e um palito de sorvete para mexer. São os carros-chefe da casa.
À espera da atração principal da noite, um telão entretém o público . No pano branco pendurado numa corda de varal amarela com pregadores de roupa coloridos são exibidos filme realizados pela comunidade. Num deles, a história de Dona Maria, uma moradora do bairro que morreu vítima de leptospirose. "Não vamos jogar lixo na rua, galera." O outro é um curta-metragem sobre um menino que "pegou cana" por causa de um vacilo.
Na penumbra, por causa da projeção, Daniela Meira, 22, anda entre as mesas perguntando para os guerreiros: "E aí, vai declamar?" É ela quem faz as inscrições dos poetas, anotando nomes dos candidatos em um bloquinho improvisado com folhas de caderno arrancadas. "Hoje tá batendo nos 30 inscritos para declamar, mas tem dia que vai a 50", conta. Ela mesma se inscreveu para falar uma história que já foi dela, mas não é mais. A poesia de uma garota que tomou um fora, chamada "Menina de Contrastes".
Aplausos depois do filme. Sandro Vaz, o MC (mestre de cerimônias) do evento e criador da Cooperifa, pega um microfone, enquanto o pano é recolhido pela galera. Atrás dele, surgem uma bandeira do Brasil ao lado de uma placa que avisa: "O silêncio é uma prece".
"Salve, guerreiros", saúda o MC, que avisa para quem quiser conversar que o faça naquele momento ou cale-se para sempre, porque o sarau está para começar. Segundos depois, como uma campainha de teatro, estão todos calados, olhos fixos no canto do bar, onde os poetas se apresentarão. Nesse momento, uma brasília velha faz barulho ao subir a ladeira e recebe olhares nada amistosos.
"Salve, povo bonito", grita, e é ovacionado com palmas e assobios. O ritual de iniciação segue: "Povo bonito, povo inteligente, fora inveja, mediocridade. Hoje, conseguimos fazer menos 200 pessoas assistirem à Regina Duarte. Enquanto bombardeiam o Líbano, nós vamos comungar a paz. Uh, Cooperifa!" Muitos aplausos. "Sales, é teu, irmão." Passa o microfone pro truta e começa o sarau.
A gostosinha e a cerveja gelada continuam rolando. Ao final de cada poesia, uma salva de palmas. Tem declamador que aparece com papelzinho, tem rapper performático e mulherada contado sua história de amor em versos. Tem até quem não levou poesia pronta, mas leu um trecho de Charles Bukowski, e o apresentou à galera como o "bêbado-mor". Na platéia, os guerreiros de cabelo black power, agasalho de capuz e colar longo no peito tiram as mãos do bolso para aplaudir a todos. Curiosos começam a rondar, desconfiados, mas de cara recebem um salve e ficam "de boa, sem atravessar". As mulheres negras são enaltecidas e não há nenhuma loira (verdadeira ou falsa) na geral.
Um dos declamadores termina dizendo que Ferreira Gullar só terá valor se deixar a USP e for à periferia. Eis que Sandro agarra o microfone e incita. "Não, irmão, ele não precisa vir aqui, não. Nós é que vamos lá. Queremos os 50% que são nossos. Vamos tirar aquele bando de vagabundo e colocar a malandragem lá!" O bar vem abaixo.
Lá pelas 23h30, o salve final. Como final de missa, os cooperiféricos se abraçam, se despendem e vão deixando o recinto. Um ou outro pede a saideira.
Na próxima quarta tem mais.

MANIFESTO REVISTA DA FOLHA ATRAVESSA NO SARAU DA COOPERIFA

Neste domingo o jornal Folha de São Paulo veio com uma matéria sobre escritores da periferia comandada pelo escritor Joca R. Terron. Ele teve a missão de contar a história de alguns deles, no caso, eu, Alessandro Buzo (que conseguiu a matéria), Sacolinha e a Dinha. Até aí tudo bem, pois a única mancada foi um problema de edição, em que parece que somos nós os criadores da FLAP, mas que ele se explica no seu blog (www.heelhotel.blogger.com.br) e dá os devidos creditos a quem merece, Ana Rusche e o pessoal do projeto identidade.
As fotos do João Wainer ficaram muito loucas. Rara sensibilidade. Ele entendeu como poucos o que é realmente o sarau da Cooperifa e seus poetas.
Já a jornalista, Marianne Piemonte, que esteve no sarau e escreveu a matéria "Salve, guerreiros"- na mesma revista-, parecia que estava em outro lugar, tamanha falta de sensibilidade. Começa dizendo que os documentários que a gente apresenta antes do sarau "entretém" as pessoas, quando na verdade educa. O cine becos e vielas tem apresentado vários curtas e documentários para nos suprir a falta de cinema e nos desentoxicar do excesso de filme americano que nos enfiam goela abaixo. Entendeu?
O sarau vai completar cinco anos de vida, por isso, quando ela diz que os curiosos começam a rondar desconfiados (com o quê, com a poesia?), recebem um salve e não atravessam. Ali ninguém atravessa e nunca atravessou, aliás, nós que atravessávamos a ponte para ter cultura, e hoje, alguns amigos estão fazendo o caminho contrário, só para nos ver. Eu disse os amigos.
Diz também que ao ouvirmos um barulho de uma brasília velha lançamos olhares poucos amistosos para o veículo. Nós não temos olhares poucos amistosos, nós somos amistosos! Apesar de tudo e de todos, nós somos amistosos. Apesar da nossa poesia contundente, somos amistosos. O que não pode ser confundido com exóticos. Nunca, nós não permitimos isso.
Quando ela se refere ao que eu disse referente à USP comete outro equívoco. Não quero colocar a malandragem lá (que malandragem?), muito pelo contrário, gostaria que a malandragem saísse de lá.
As mulheres negras são enaltecidas, mas há também loiras por lá, que também são bem-vindas, mesmo depois da reportagem que afirma que elas não frequentam o sarau. Todos são bem-vindos: poetas, escritores, branco, preto, amarelo, atores e atrizes, cineastas, músicos, artistas em geral, e principalmente, a comunidade, a nossa razão de ser.
Nós que sofremos tantos preconceitos não somos capazes de cometê-los. Nem com jornalistas.
O envolvimento dela com o sarau foi tanto que me chama de Sandro na matéria, o mc Sandro Vaz. "Eu só quero é ser feliz...". Esse tal de Sandro até que me ajudou a se defender das críticas que estou recebendo pelo telefone e pelos imeios que não param de chegar.
O povo tá indignado, alguns acham que, por conta das palavras inseridas no texto da matéria -truta, ronda, olhares poucos amistosos, capuz, desconfiados, ficam de boa, não atravessam, etc.-, mais parecia uma reportagem do Brasil Urgente, do Datena, e não um sarau de poesia.
Se ela soubesse o quanto a gente tem feito e faz por um mundo melhor na periferia...
Aos que conhecem e frequentam o sarau da Cooperifa, e que já leram e viram outras matérias positivas sobre nós, peço que desconsiderem essa deselegância cometida pela jornalista na revista da folha. Seguiremos, mesmos com as pedras no nosso caminho.

A todos que se sentiram ofendidos com a falta de sensibilidade da matéria, eu peço desculpas, foi eu quem deixou a porta aberta.

No mais, todos são bem-vindos. Todos!

Sérgio Vaz
poeta


Assine o manifesto:

Sacolinha-escritor
Jeferson De-Cineasta
Alessandro Buzo-escritor
Sõnia Heloisa
Mariana Gramacho
Elizandra Batista de Souza - Poeta

sexta-feira, julho 21, 2006

Cine Becos na Cooperifa





Na última quarta-feira, na Cooperifa, o Cine Becos exibiu o documentário feito pelo Movimento
dos Trabalhadores sem Teto " direitos esquecidos moradia na periferia". Esse documentário
foi exibido no ano passado no horário do programa preconceiuoso do João Kleber.Que foi
denunciado e teve que pagar uma multa e dar espaço do seu programa para os movimentos
sociais. Confira as fotos do cine becos na cooperifa.

quinta-feira, julho 20, 2006

Da periferia ao Líbano

Na periferia do mundo.
Enquanto escrevo, o estado de Israel bombardeia o país dos familiares dos meus amigos, Ali Sati, Walter e Fauez, o Líbano. Se já não bastassem as duzentas mil vidas libanesas desperdiças em outras guerras estúpidas, o estado judeu quer mais, e para o Hizbollah, tanto faz. Mas o povo, esse que ninguém ouve, pede Paz.Sinto-me fraco, pois, contra fuzis e canhões, só tenho um poema para oferecer à comunidade Árabe do Brasil, e, principalmente a que reside no Pirajussara, em Taboão da Serra. Na minha opinião o Brasil e o Líbano ficam na periferia do mundo, acho que é por isso que a gente se identifica tanto, e é por isso que as nossas guerras não doem no primeiro mundo da humanidade.Nosso suor, nosso sangue, nossas lágrimas não são bem-vindas no coração dos poderosos, que vêem na morte a única saída para a paz. O silêncio também mata.É apenas um poema, só um poema, sei da insignificância desse poema, mas também sei da grandeza desse povo que trata todo amigo como se fosse majestade, mesmo sendo um poeta tão pequeno como eu. Apesar da dor, lembrei-me do poeta Mário Quintana “... eles passarão, vocês passarinho”.Aceitem um poema,Aceitem minhas lágrimas.
Em respeito aos que não lerão.
A GUERRA DOS BOTÕES.
Permito-me sonhar
Vendo soldados plantados nas trincheiras
Descansando sob as sombras
De um enorme cogumelo de pétalas
Explodindo no céu.
A primavera
Invadindo campos minados
Com suas guerreiras margaridas,
Fardadas pela seda pura da manhã,
Marchando para um novo dia.
E os senhores da guerra
Aguardando ansiosos
O momento de apertarem seus botões...
Lindos botões de rosas
Estampados na lapela.
Por Sérgio Vaz

segunda-feira, julho 17, 2006

Aula de cidadania. Reconstruindo as relações na sociedade


Cidadania & Política
As novas relações de trabalho no mundo globalizado
Dia 18/07, 3a. feira, às 14 horas
  • O que farei quando terminar os estudos?
  • Haverá lugar no mercado de trabalho ou o desemprego veio para ficar?
  • Reduzindo os direitos do trabalhador haverá mais emprego?


    A Papel Jornal, Associação de incentivo às comunicações, promove diálogos e reflexões sobre questões de interesse dos jovens e da comunidade, duas vezes por mês, na Oficina de Cidadania.


    Local: ONG Papel Jornal - Av. Ivirapema, 42A - Jd. Ranieri.
    Quem pode participar: Debate aberto aos jovens e à comunidade
    Informações: 5831 5954 das 13h às 16h c/ Juliana
  • Facilitador: Medeiros Filho, Jornalista.

Cidadania & Política
As novas relações de trabalho no mundo globalizado
Dia 18/07, 3a. feira, às 14 horas
  • O que farei quando terminar os estudos?
  • Haverá lugar no mercado de trabalho ou o desemprego veio para ficar?
  • Reduzindo os direitos do trabalhador haverá mais emprego?


    A Papel Jornal, Associação de incentivo às comunicações, promove diálogos e reflexões sobre questões de interesse dos jovens e da comunidade, duas vezes por mês, na Oficina de Cidadania.


    Local: ONG Papel Jornal - Av. Ivirapema, 42A - Jd. Ranieri.
    Quem pode participar: Debate aberto aos jovens e à comunidade
    Informações: 5831 5954 das 13h às 16h c/ Juliana
  • Facilitador: Medeiros Filho, Jornalista.

sexta-feira, julho 14, 2006

ADIADO

quarta-feira, julho 12, 2006

CINE BECOS NA COOPERIFA !!!NÃO PERCAM DOCUMENTARIO DO MTST!!!


Sarau da Cooperifa no Acampamento Chico Mendes

CINEMA NA COOPERIFA
"Quem tem olhos de ver que veja
Quem tem ouvidos de ouvir que ouça"


Documentário "Direitos Esquecidos: Moradia na Periferia"
Produzido pelo MTST ( Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)- Acampamento Chico Mendes.

Exibido na Rede TV por determinação da Justiça em setembro de 2005 como forma de punição ao programa do apresentador João Kleber.

Um registro da luta do povo pobre que respira dignidade.

Apoios:

VAI (Programa de Valorização de Iniciativas Culturais)
FELCO (Festival Latino da Causa Obreira)

Dia 19/07 às 20:00


No sarau da Cooperifa - Bar do Zé Batidão
Endereço: Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Jd. Guarujá
Próximo a igreja de Piraporinha
São Paulo-Z/S
Informações: 3453 0433