quarta-feira, junho 03, 2009

Cine Becos recomenda: Ôrí e Simonal

Estão em cartaz em São Paulo dois filmes muito bons que nos fazem refletir muito sobre nossa condição de ser negro na sociedade brasileira.



O primeiro deles, Ôrí, documentário que estreiou em 1989 e que fora produzido durante 11 anos, volta aos cinemas em cópia restaurada.
O filme nos convida a adentrar as questões da ancestralidade africana, da diáspora, do quilombo, do ativismo negro, da religiosidade, da musicalidade, guiados pela voz doce e sábia da historiadora, poeta e ativista negra Maria Beatriz Nascimento (Aracaju, 1942 – Rio, 1995). Um filme poético e histórico ao mesmo tempo. Me fez pensar na seguinte questão: a nossa geração é herdeira de um sem número de conquistas e tem uma responsabilidade enorme em levar adiante e cobrar que elas sejam efetivadas. O que estamos fazendo?

Ôri Direção: Raquel Gerber - Brasil - 2008 – 91 min. - Livre
Em cartaz no Cine Bombril

Não tive a oportunidade de conhecer Simonal durante minha infância e adoslescência e com este filme fiquei sabendo o porquê: Simonal foi tido como um dedo duro na época da ditadura pela classe artística brasileira e foi condenado ao ostracismo! Ele faleceu só em 2000 passando quase 30 anos tentando limpar a sua barra !


Muitas interpretações são possivéis e o filme aponta para a questão do quarto poder da imprenssa brasileira em condenar as pessoas. No entanto, acho que o buraco é mais embaixo, muito mais embaixo: trata-se de um exemplo claro de que o negão Simonal estava indo além do tolerável em uma sociedade racista, típico "negro metido" se tornou símbolo brasileiro da valorização estética negra que estava ocorrendo nos EUA , tinha muito talento musical, não estava nem aí para os da "canhota" (hahahahaE)Enfim tudo isto misturado com algumas mancadas que deu, Simonal se tornou um alvo fácil para ser a "ovelha negra" no campo artístico brasileiro da "alta cultura" que sabia selecionar muito bem seus membros...

Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Eu Dei (2009, Brasil)
direção: Claudio Manoel, Calvito Leal, Micael Langer; fotografia: Gustavo Hadba; montagem: Pedro Duran, Karen Akerman; música: Berna Cerpas; produção: Lorena Bondarovsky; estúdio: TvZero, Zohar, Globo Filmes; distribuição: MovieMobz. 82 min