Na periferia do mundo.
Enquanto escrevo, o estado de Israel bombardeia o país dos familiares dos meus amigos, Ali Sati, Walter e Fauez, o Líbano. Se já não bastassem as duzentas mil vidas libanesas desperdiças em outras guerras estúpidas, o estado judeu quer mais, e para o Hizbollah, tanto faz. Mas o povo, esse que ninguém ouve, pede Paz.Sinto-me fraco, pois, contra fuzis e canhões, só tenho um poema para oferecer à comunidade Árabe do Brasil, e, principalmente a que reside no Pirajussara, em Taboão da Serra. Na minha opinião o Brasil e o Líbano ficam na periferia do mundo, acho que é por isso que a gente se identifica tanto, e é por isso que as nossas guerras não doem no primeiro mundo da humanidade.Nosso suor, nosso sangue, nossas lágrimas não são bem-vindas no coração dos poderosos, que vêem na morte a única saída para a paz. O silêncio também mata.É apenas um poema, só um poema, sei da insignificância desse poema, mas também sei da grandeza desse povo que trata todo amigo como se fosse majestade, mesmo sendo um poeta tão pequeno como eu. Apesar da dor, lembrei-me do poeta Mário Quintana “... eles passarão, vocês passarinho”.Aceitem um poema,Aceitem minhas lágrimas.Em respeito aos que não lerão.
A GUERRA DOS BOTÕES.
Permito-me sonhar
Vendo soldados plantados nas trincheiras
Descansando sob as sombras
De um enorme cogumelo de pétalas
Explodindo no céu.
A primavera
Invadindo campos minados
Com suas guerreiras margaridas,
Fardadas pela seda pura da manhã,
Marchando para um novo dia.
E os senhores da guerra
Aguardando ansiosos
O momento de apertarem seus botões...
Lindos botões de rosas
Estampados na lapela.
Por Sérgio Vaz
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