“Semeando Relâmpagos: Riquezas e reveses do continente”
Curadoria: Luciane Ramos
Acervo: Casa das Áfricas
Quantas realidades há em África? A dimensão continental entremeada por 30,34 milhões de km2 entre savanas, florestas tropicais, desertos e cidades turbulentas, surpreendentes - sugere a variedade de culturas e composições sociais. Se plurais são suas paisagens, há que se lembrar que seus contornos políticos e econômicos, apesar de diversos, mesclam problemáticas semelhantes.
A intenção desta mostra, ainda um embrião de horizontes, é trazer um pouco das várias faces africanas através de produções realizadas nos últimos 25 anos – lentes, focos, ângulos, mãos e cabeças fitando realidades e retratando contradições, tirando da sombra experiências e opiniões pouco conhecidas por nós brasileir@s, apesar das espessas raízes ancestrais que nos atravessam.
O cinema africano, nascido em meados dos anos 60 com os movimentos de independência e o fim da colonização oficial, marcado por produções autônomas, chega em passos lentos nas telas brasileiras, assim como nos circuitos comerciais de distribuição no mundo (que se diz globalizado!).
Trazemos uma pequena mirada da pluralidade cultural sem perder de vistas as perspectivas sociais e políticas, reveses e heranças do colonialismo. As produções que aqui exibimos são algumas das muitas formas de representação do continente e suas realidades inquietantes.
Se vivemos tempos de tecer novos caminhos sobre as experiências do continente africano, eis aqui um pequeno passo. É tempo de semear trovões.
Luciane Ramos
Sinopses
29 de outubro – 19hs
· A pequena vendedora do “sol” (Djibril Diop Mambety , Senegal/França, 1998, 43´ )
Título original: La petite vendeuse de soleil
Legendas em português
Nas ruas de Dakar são os meninos que monopolizam a venda de jornais. Sili, garota de 12 anos portadora de deficiência física, decide que também pode ser mercadora de notícias
. No decorrer de suas aventuras, conhece Babou, uma amizade que se afirma perante a rivalidade dos pequenos vendedores de jornais.
. No decorrer de suas aventuras, conhece Babou, uma amizade que se afirma perante a rivalidade dos pequenos vendedores de jornais.
· A partida de uma máscara ( Philippe Cassard. Mali/ França, 1995, 30´ )
Título original: L´Envol d´un masque
Legendas em português
Uma máscara deixa sua vila interiorana e ruma para a cidade, confrontando-se com o urbanismo e a confusão da cidade. Movimentando-se da savana ao asfalto revê os valores tradicionais, suas sabedorias e as ironias do progresso.
05 de novembro – 19hs
Moolaadé (Ousmane Sembene, França/ Senegal, 2005, 120´)
Legendas em espanhol
Em muitas sociedades africanas é comum à prática da circuncisão feminina. Num povoado, meninas fogem para escapar do ritual de purificação e encontram mulher que recorre a proteção sagrada de Moolaadé, o que provoca confrontos e pressões na comunidade.
12 de novembro – 19hs
· Fela Kuti – A arma é a musica (Stéphane Tchal-Gadjieff e Jean Jacques Flori , França/ 2002, 53´)
Título original: Fela Kuti – Music is the Weapon
Legendas em português
Documentário sobre a vida turbulenta de Fela Anikulapo Kuti, o criador do afrobeat (gênero musical que funde os ritmos do oeste africano com o jazz norte americano). Referência para muitos músicos e pensadores negros, o “presidente negro”, foi um constante questionador das corrupções políticas, injustiças, desigualdades na Nigéria e colonizações em África. Protagonizando a narrativa, Fela nos leva à República de Kalakuta, uma comuna auto declarada independente, e à notória casa noturna “Shrine”, zona de perigo para o governo nigeriano.
· Deixem-nos! (Marc Garanger, Costa do Marfim/ França, 2001, 26´)
Título original: Abandonnez – nous
Legendas em português
Depoimento de Georges Niangoran, antropólogo e diretor de Centro de pesquisa em Abidjan, que aponta as feridas causadas pelo colonialismo e as urgentes medidas que devem ser tomadas para que a África possa afirmar seu próprio progresso.
19 de novembro – 19hs
· A árvore dos antepassados (Licínio Azevedo, Moçambique, 1994, 50´)
Durante 15 anos de guerra, um milhão e meio de moçambicanos tiveram que se exilar nos países vizinhos, sem tempo inclusive para despedidas rituais aos seus mortos. Em 1984, em mais um deslocamento forçado, um homem é escolhido para levar a família ao Malawi, país fronteiriço com Zâmbia, Tanzânia e Moçambique. Dez anos mais tarde, a família retorna para recomeçar a vida e se reconciliar com os antepassados. O filme é a história do regresso.
· As pitas (Licínio Azevedo, Moçambique, 1994, 50´)
Diante de uma tv, assistindo longas sessões de telenovelas, no interior de Moçambique quatro jovens amigas, partilham problemas comuns como a traição do coração, a corrupção de um professor ou amores que surgem. No cotidiano de sua cidade interiorana, uma delas não hesita em recorrer à magia para seduzir um rapaz. As conseqüências são imprevisíveis.
26 de novembro – 19hs
Palestra de encerramento com o sociólogo moçambicano Carlos Subuhana. USP/Casa das Áfricas
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